Fundações registram forte recuperação dos ativos em abril e maio

Alexandre Sammogini – 09/06/2020

As maiores fundações do país, Previ, Petros e Funcef, recuperaram uma parte da desvalorização de suas carteiras de investimentos nos meses de abril e maio de 2020. É importante esclarecer que a queda no valor, por enquanto, tem efeito apenas contábil, pois os ativos não foram vendidos e nem os resultados de déficits produzem nenhum efeito antes do fechamento do ano. E não são apenas as grandes fundaçõe que registraram importante valorização em suas carteiras nos últimos dois meses. A maioria dos fundos pequenos e médios também registraram resultados positivos no período, conforme notíciado pelo Blog Abrapp em Foco, como por exemplo, Funpresp-Exe, Fundação Copel, Eletros, Sebrae Previdência, Fundação Ceres, entre outros.

Depois de registrar um retorno negativo de 11,6% no mês de março de 2020, o pior mês da crise provocada pelo impacto da pandemia, a Petros já teve retorno de 3,52% positivos em abril e a projeção para o fechamento de maio, é de 2,9% de valorização dos ativos totais. Com isso, mais da metade da queda de março já foi recuperada pela fundação. “Acho que houve um exagero no pessimismo. Claro que o impacto foi muito forte no início da crise, mas já estamos percebendo a recuperação no mercado financeiro. E acreditamos na retomada da economia real também”, diz Alexandre Mathias, Diretor de Investimentos da Petros.

O gestor lembra que no final do ano passado, a fundação enfrentava o desafio de bater metas atuariais, em média entre 4,5% e 5,37% acima da inflação, no caso dos planos de benefício definido da Petros. E naquele momento, as perspectivas apontavam apenas para duas classes de ativos que poderiam dar retornos superiores às metas: a Bolsa e imóveis. Como os imóveis não contam com liquidez, além das restrições legais para novas aquisições, a renda variável era uma das poucas opções. Isso fez com que as fundações em geral ampliassem a exposição em Bolsa ao longo do ano passado e início deste ano.

Por isso, a carteira de renda variável da Petros entrou o ano representando cerca de 30% do patrimônio total da entidade. Com esse nível de exposição ao risco, o impacto foi forte, mas como os ativos não foram vendidos em condições desfavoráveis, não houve realização das perdas. E o melhor, é que os ativos apresentaram forte recuperação já em abril e maio. Após analisar os cenários econômicos, inclusive com a utilização de modelos para análise de pandemia, a equipe da Petros chegou à conclusão que a recuperação para a crise não seria tão demorada. “Ficamos com uma previsão de recuperação em ‘V’ ou em ‘U’. Entramos no mês de abril com uma postura cautelosamente otimista”, comenta Mathias.

A equipe da Petros, então, aproveitou algumas oportunidades do mercado em meados de abril, com a ampliação da carteira de renda variável. O mesmo foi realizado com as NTN-Bs mais longas. Em ambos os casos, o tamanho das carteiras foi aumentado em 10% cada.

“Acreditamos que a trajetória daqui para a frente aponta para uma recuperação dos mercados, com os efeitos positivos das políticas compensatórias e monetárias do Banco Central aqui e no resto do mundo”, prevê o Diretor de Investimentos da Petros. Ele admite, porém, que os resultados da economia em 2020 ainda serão bastante negativos, mas que a recuperação mais forte da economia real virá em 2021.

Previ – A maior entidade fechada do país, a Previ também registrou recuperação positiva nos resultados em abril e maio. Após registrar déficit n o Plano 1 em R$ 24 bilhões no primeiro trimestre deste ano, Cerca de R$ 7 bilhões já foram recuperados nos dois últimos meses, segundo informações de José Maurício Coelho, Diretor Presidente da Previ, concedidas em live do Valor Econômico nesta segunda-feira, 8 de junho (clique aqui para assistir a live na íntegra).

“A base de tudo é uma governança muito forte, é preciso ter planejamento estratégico focado no longo prazo, uma gestão de riscos também tem papel fundamental na estabilidade de um fundo de pensão. Você precisa analisar os cenários improváveis com o mesmo cuidado com que analisa os demais cenários”, disse José Maurício.

O Diretor Presidente acredita que o pior já ficou para trás e reforçou a importância na manutenção da visão de longo prazo para a gestão dos ativos da entidade. A Previ inclusive aproveitou uma boa oportunidade no mercado secundário de títulos públicos, com a aquisição de R$ 2,5 bilhões em NTN-Bs com vencimentos entre 2045 e 2055. O movimento foi realizado graças à boa condição de liquidez da carteira de ativos da Previ.

José Maurício defendeu ainda cautela com a gestão dos ativos neste momento de maior volatilidade dos mercados. Ele revelou na entrevista que a Previ paralisou momentaneamente o processo de diversificação das carteiras, com volume previsto de R$ 4,8 bilhões em três frentes: exterior, multimercados e fundos imobiliários. O programa foi interrompido momentaneamente, mas o dirigente reafirmou a intenção de retomá-lo ainda antes do final deste ano.

Funcef – O impacto negativo foi bastante acentuado também na Funcef no mês de março. Assim como outras entidades, o fundo estava em processo de ampliação da exposição ao risco desde o ano passado. “A crise veio muito rápida e pegou as fundações em um processo de maior exposição ao risco devido à necessidade de bater suas metas em um cenário de juros baixos”, diz Paulo Werneck, diretor de Investimentos Funcef.

Nos meses de abril e maio, a equipe da Funcef optou por uma postura de maior cautela, sem grandes movimentos. “Fizemos poucas ações pontuais. Percebemos o mercado bastante descorrelacionado. A prudência fala por si só em momentos como o que estamos atravessando”, comenta Werneck.

Além dos casos citados acima, diversas entidades registraram recuperação nos meses de abril e maio, com a reversão de parte resultados negativos do primeiro trimestre do ano.

Fonte : http://blogabrapp.org

Herval Filho

Estreei em Salvador/BA, porque o baiano não nasce, estreia. Sempre em busca de novos desafios. Morei na Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Atualmente, sobrevivo ao frio de Curitiba e dos curitibanos. Sou formado em Química e Administração de Empresas, mas cursei alguns semestres de Matemática e Contabilidade. Adoro ler. Sou criativo e curioso, por natureza. Adoro ser pai de 4 meninos e 1 menina. Adoro viajar e conhecer novos lugares e países. Adoro comer bem. Adoro viver!

Este post tem 2 comentários

  1. Gutemberg Rangel Martins

    Boa noite Herval, gostaria de saber o que levou o conselho administrativo a aceitar a prestação de contas da Petros, visto que desde 2012 vem sendo rejeitada. Será que fomos traídos mais uma vez. Enviado do Yahoo Mail no Android

    1. Herval Filho

      Boa noite, Gutemberg
      As razões serão postadas e explicadas nesse espaço aqui, no blog. Estamos construindo uma nova página no menu para o Conselho Fiscal, que é o órgão de controle interno da Petros, que deve se manifestar sobre atos administrativos e operacionais da Fundação, além de examinar e emitir pareceres sobre as Demonstrações Contábeis. Acho, sinceramente, a palavra “traição” muito ofensiva, porque se está julgando o caráter do outro. Eu não exerço voto pela condição de suplente, mas participo de todas as reuniões ordinárias. Tenho visto muito ódio nas redes sociais e acho que esse movimento se espalha como um rastilho de pólvora também aqui no blog; o que eu, particularmente, lamento. Por uma questão de formação moral e ética, não vou fomentar esse movimento me contrapondo a ofensas pessoais, porque não visto a carapuça. Não sou apenas conselheiro da Petros. Sou homem, chefe de família e pai de 5 filhos com idades entre 32 e 10 anos. Não sou um traidor, nem tampouco o meu amigo José Roberto. Fico realmente triste, mas não posso controlar as emoções do outro. Não recebo um centavo para exercer a função de conselheiro, mas eu entendo esse sentimento de revolta. Faltam exemplos de honestidade, moral e ética e todos nós estamos sendo empurrados para a mesma vala comum dos corruptos; como se todos fossem iguais. Eu só lamento, mas não serei empurrado para essa vala. Quem me conhece e conheceu, durante quase 38 anos na Petrobras, sabe que não.

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